Resumo: O artigo discute algumas características das instituições e dos instrumentos financeiros que geraram a crise financeira desencadeada pela elevação da inadimplência e a desvalorização dos imóveis e dos ativos financeiros associados às hipotecas americanas de alto risco (subprime). Na primeira seção, realiza-se uma cronologia dos principais eventos da crise, acompanhada por um panorama das ações implementadas pelas autoridades governamentais e pelos grandes bancos. Na segunda, efetua-se a caracterização dos principais elementos do global shadow banking system (sistema bancário global na sombra ou paralelo). Na terceira, apresentam-se os impactos da crise no mercado financeiro brasileiro, a partir das operações de derivativos cambiais. Na quarta seção, delineiam-se os principais elementos das propostas de reforma dos sistemas financeiros, com ênfase na proposta apresentada pelos EUA.
A crise financeira iniciada nos Estados Unidos, em meados de 2007, em decorrência da forte elevação da inadimplência e da desvalorização dos ativos associados com hipotecas de alto risco (subprime), tem renovado os questionamentos sobre a arquitetura contemporânea do sistema financeiro americano e internacional, seus potenciais riscos sistêmicos e seus mecanismos de supervisão e regulação. Os derivativos de crédito e os produtos estruturados lastreados em crédito imobiliário multiplicaram os prejuízos por um fator desconhecido e redistribuíram, globalmente, os riscos deles decorrentes para uma grande variedade de agentes. As próprias características dos mecanismos de transferência de riscos introduziram novas incertezas.