Pesquisadores discutem papel dos BRIC na governança mundial

Dated Published: July 2009

Conflitos por recursos naturais foram um dos temas abordados. Participantes também discutiram a necessidade de mudanças nas instituições.

As reformas nos órgãos de governança mundial, como o Conselho de Segurança da ONU, foram tema recorrente nas apresentações do terceiro painel da quinta-feira, 15, da Cúpula BRIC de Think Tanks: O papel dos BRIC na transformação global, realizada pelo Ipea. Pesquisadores de Brasil, Índia, Rússia e China discutiram a percepção e o envolvimento dos BRIC nas instituições da governança global em temas como segurança, finanças, comércio, desenvolvimento e nos processos de decisão política relacionados a reformas e à formação de novas coalizões internacionais.

O indiano Nandan Unnikreshnan, da Observer Researsh Foundation, disse que os órgãos internacionais não refletiram as mudanças ocorridas no mundo. “Alguns países querem manter o status quo e quem quer mudá-lo não consegue, o que gera aborrecimentos”, afirmou. Para ele, criar novas instituições financeiras e de segurança poderia ser viável, mas o melhor caminho, na visão da índia, seriam reformas e não a destruição das atuais estruturas.

Boris Fedorovich Martynov, do Instituto da América Latina da Academia da Rússia, disse que grande parte das diferenças existentes são heranças dos sistemas da história passada, da ordem mundial que já está em transformação. “Percebemos com atraso as mudanças do mundo. Há forças não interessadas em uma reforma da ONU e não interessadas no fortalecimento do direito internacional, porque, quando há força, não há direito”, disse. O pesquisador afirmou que as reformas são urgentes porque a anarquia nas relações internacionais é uma ameaça perigosa.

Segundo o russo, o século 21 será de lutas para a redistribuição dos recursos naturais, problema que se tornará mais grave após 2020. “Rússia e Brasil ocupam o primeiro e segundo lugar nos estoques de água doce no mundo e, a partir dos anos 20 deste século, a água doce se tornará o déficit mais agudo da terra”. Para Martynov, é preciso resolver os conflitos desde já com a ajuda das negociações e do direito internacional. “É preciso fortalecer e o regime internacional democrático, principalmente por meio de princípios do direito internacional, tais como não intromissão nos assuntos internos, soberania e igualdade entre os Estados”.

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